Grande conhecido da população, o omeprazol é um medicamento usado para o tratamento de doenças e feridas gástricas. Recentemente, informações sobre os efeitos negativos de seu uso prolongado passaram a circular e alertaram alguns usuários.
O remédio realmente oferece alguns riscos quando utilizado por muito tempo, segundo Guilherme Becker Sander, gastroenterologista e gestor do Centro de Saúde Digestiva do Hospital Ernesto Dornelles, em Porto Alegre. Ele pode, por exemplo, estar associado à redução dos níveis de vitamina B12, osteopenia (perda gradual de massa óssea), aumento do risco de fraturas, diminuição das taxas de magnésio e maior probabilidade de infecções gastrointestinais, já que a acidez gástrica é protetora contra a contaminação do aparelho digestivo.
Sander afirma que, frente a essas informações, mesmo pacientes com indicação de uso do medicamento têm se recusado a tomá-lo. No entanto, o médico reforça que, quando necessária, por períodos curtos e sob orientação de um profissional, a utilização do omeprazol é extremamente segura.
O que deve ser desencorajado é o uso indiscriminado, uma vez que pode levar a efeitos colaterais indesejados e a uma dependência do remédio. “Tem muito uso injustificado”, alerta o gastroenterologista.
Em quais casos é indicado tomar omeprazol?
O omeprazol faz parte do grupo de remédios conhecidos como inibidores da bomba de prótons – pantoprazol e rabeprazol também são representantes.
Chamados de IBP, esses medicamentos agem diminuindo a quantidade de ácido produzido pelo estômago através da inibição de uma enzima responsável pelas etapas finais da produção do ácido gástrico. Isso permite, por exemplo, que feridas no esôfago e no estômago cicatrizem, além de proporcionar alívio de sintomas como a azia.
O omeprazol é indicado para tratar casos de:
- Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE);
- Úlceras no estômago;
- Úlceras no duodeno (parte do intestino delgado ligada ao estômago);
- Erradicação da bactéria Helicobacter pylori (em combinação com antibióticos).
De acordo com Sander, o omeprazol também é útil na prevenção de úlceras em pacientes que necessitam de tratamento prolongado com alguns anti-inflamatórios ou corticosteróides.
Por outro lado, o uso é contraindicado em indivíduos com histórico de alergia ao medicamento ou quando está em tratamento com outros remédios que têm grave interação com omeprazol. “É o caso de alguns medicamentos utilizados no tratamento do HIV, que têm a absorção prejudicada com o uso concomitante de omeprazol. Isso pode comprometer a eficácia do tratamento”, exemplifica o gastroenterologista.
Omeprazol versus pantoprazol
Omeprazol e pantoprazol possuem o mesmo mecanismo de ação, mas são diferentes quimicamente. Na prática, uma das principais distinções tem a ver com a maneira como são metabolizados pelo fígado. Em resumo, o pantoprazol apresenta menos interações medicamentosas.
No entanto, as consequências de tomar o pantoprazol por tempo prolongado são similares às do omeprazol.
Por quanto tempo é possível tomar omeprazol?
Segundo Sander, não existe um limite máximo de tempo para o tratamento feito com omeprazol, especialmente pelo fato de que algumas condições amenizadas pelo medicamento necessitam de uso prolongado.
Ainda assim, o médico afirma que, sempre que possível, a utilização deve ocorrer pelo tempo mínimo necessário para o cuidado de cada problema.
Até porque, além do risco de efeitos colaterais, o uso prolongado de omeprazol pode levar à dependência do medicamento. Isso porque, ao tentar tirá-lo de cena, os pacientes sofrem com o rebote ácido no trato gastrointestinal.
Daí porque o acompanhamento com profissional de saúde é essencial: apenas ele pode indicar quando utilizar omeprazol de forma prolongada é realmente necessário. O especialista também tem o papel de ajudar na redução da dose aos poucos, evitando o rebote.
“Para parar, é importante maximizar as medidas não farmacológicas, como ter uma alimentação saudável e reduzir o peso corporal no caso de refluxo. E tentar parar aos poucos, diminuindo a dose e usando em dias alternados, em vez de tentar parar por completo”, descreve.
Fonte: Estadão
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