Com a queda de temperatura, redução da luz solar e retração social, aumentam as queixas de dores crônicas em consultórios médicos e clínicas especializadas em dor, alerta o Dr. Marcelo Valadares, neurocirurgião funcional especialista no tratamento da dor e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia na Unicamp. No período mais frio do ano, o manejo dos sintomas não deve ser deixado de lado, com adaptações para que o paciente tenha conforto térmico.

De acordo com o especialista, o inverno agrava o sofrimento das pessoas que convivem com dores crônicas – um grupo que representa 36,9% dos brasileiros com mais de 50 anos, segundo o Ministério da Saúde – por razões multifatoriais. Condições como fibromialgia, artrite e dores nas costas/coluna tendem a intensificar nesta época do ano, afetando a qualidade de vida de mulheres, idosos e pessoas de baixa renda, principalmente.

Efeitos da baixa temperatura

Pacientes com sintomas depressivos e com histórico de quedas e hospitalizações também podem notar aumento na percepção da dor. “As baixas temperaturas reduzem o fluxo sanguíneo periférico e aumentam a rigidez muscular. Além disso, o frio desencadeia alterações no sono e no humor, favorecendo quadros de insônia, ansiedade e depressão, que estão diretamente ligados à percepção e intensificação da dor”, explica o médico.

A chegada da nova estação promete ter ondas de frio menos frequentes, porém mais intensas, principalmente no Sul e Sudeste, embora as temperaturas médias fiquem acima da média histórica em grande parte do país.

Além da mudança na temperatura, a maior amplitude térmica e aumento da umidade em diversas capitais pode agravar ainda mais quadros de dor crônica. “Moradores de cidades de altitude e em áreas urbanas com pouca exposição solar são os mais vulneráveis. Eles devem redobrar os cuidados e manter um acompanhamento médico contínuo para evitar agravamentos”, avalia o doutor.

Controle dos sintomas

O controle dos sintomas exige abordagem terapêutica multidisciplinar e não deve ser abandonado durante as baixas temperaturas, mas procedimentos que exigem exposição ao frio ou ambientes não climatizados devem ser ajustados para evitar desconfortos adicionais.

Entre as estratégias de cuidado físico estão o uso de medicamentos moduladores da dor, como antidepressivos tricíclicos e inibidores de recaptação de serotonina; a fisioterapia regular e exercícios de alongamento para preservar a mobilidade; além da prática de atividades físicas supervisionadas, como caminhadas, pilates ou hidroterapia.

Saúde mental

O acompanhamento psicológico também é fundamental para evitar alterações no humor, insônia e isolamento social. Tratamentos complementares como acupuntura, massagens e técnicas de relaxamento continuam sendo aliados importantes e podem, inclusive, gerar conforto térmico para o paciente.

Fonte: Dr. Marcelo Valadares,  neurocirurgião e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia da Unicamp
Foto: Shutterstock

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *