Apesar dos avanços no acesso à informação e à saúde, a automedicação ainda é um hábito enraizado no cotidiano da população brasileira. Segundo levantamento do Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ), 86% das pessoas no país assumem consumir medicamentos por conta própria, sem orientação médica.

O dado, que reflete um comportamento de risco, se torna ainda mais preocupante ao considerar que grande parte dos medicamentos utilizados sem prescrição são analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos. O uso indiscriminado pode levar ao agravamento de quadros clínicos, resistência bacteriana e, em casos extremos, até à morte.

Sintomas mascarados e diagnósticos prejudicados

A automedicação pode gerar uma falsa sensação de alívio imediato, mas frequentemente atrasa o diagnóstico de doenças mais sérias. Ao suprimir sintomas como dor, febre ou inflamação, o organismo deixa de emitir sinais importantes que auxiliam os médicos na identificação do problema real. Isso compromete o início de tratamentos adequados.

Além disso, o uso combinado de medicamentos sem acompanhamento especializado pode resultar em reações adversas graves. A mistura de substâncias ativas, sobretudo entre pessoas com doenças crônicas ou em uso contínuo de outros remédios, representa um risco elevado à saúde.

Informações imprecisas e acesso fácil a medicamentos

A internet, embora útil em diversas situações, tornou-se uma das principais fontes de informação para quem decide se automedicar. Dados do ICTQ mostram que 68% dos brasileiros buscam instruções sobre medicamentos em sites e redes sociais, muitas vezes sem base científica ou confiabilidade.

Outro fator que contribui para esse cenário é a facilidade de aquisição de fármacos sem receita médica em farmácias e drogarias. Embora existam regulamentações, a fiscalização ainda é falha, favorecendo o consumo inadequado de remédios e a banalização do uso de substâncias sem orientação profissional.

Consequências invisíveis, mas perigosas

Intoxicações, falência de órgãos e agravamento de doenças crônicas são apenas algumas das possíveis consequências da automedicação. Em muitos casos, os efeitos colaterais se manifestam de forma silenciosa e só são identificados quando o quadro clínico já está comprometido.

Esses danos não afetam apenas a saúde individual, mas também sobrecarregam o sistema de saúde. Nos registros mais recentes do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), da Fiocruz, em 2017, foram apurados no Brasil mais de 76 mil casos de intoxicação, sendo 27% provocados por medicamentos. Essas situações, que poderiam ser evitadas, acabam gerando riscos desnecessários, além de custos adicionais.

Fonte: Capital News

Foto: Shutterstock

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